terça-feira, 2 de março de 2010

Postador por Ingride Gisele as 09:25

DURKHEIM, David Émile.

1893 – De la division du travail social. Paris, F. Alcan. (7.a ed. PUF, 1960)

1895 – Les règles de la méthode sociologique. Paris, F. Alcan. (Trad. port. de Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1972 )

1897 – Le suicide. Étude sociologique. Paris, F. Alcan. (11.a ed. PUF, 1969) (Trad. port. de Nathanael C. Caixero e revisão técnica de Antônio Monteiro Guimarães Filho. Rio de Janeiro, Zahar, 1982 )

1912 – Les formes élémentaires de la vie religieuse. Le système totémique en A Australie. Paris, F. Alcan. (5.a ed. PUF, 1968)

1922 – Éducation et Sociologie. Paris, F. Alcan. (Trad. de

Lourenço Filho. São Paulo, Melhoramentos [s. d.] )

1924 – Sociologie et Philosophie. Prefácio de C. Bouglé. Paris, F. Alcan. (Trad. port. de J. M. de Toledo Camargo. Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1970)

1925 – L'éducation morale. Paris, F. Alcan. (Nova ed. PUF, 1963)

1928 – Le socialisme. Sa définition Ses débuts. La doctrine saint-simoniènne. Introdução de Marcel Mauss. Paris, F. Alcan. (Nova ed. PUF, 1971)

1938 – L'évolution pédagogique en France. Introdução de M. Halbwachs. Paris, PUF. (2.a ed. 1969)

1950 – Leçons de Sociologie. Physique des moeurs et du droit. Apresentação de Hüseyn Nail Kubali. Introdução de G. Davy. Paris/ Istambul, PUF/ Faculté de Droit.

1953 – Montesquieu et Rousseau, précurseurs de la Sociologie. Nota introdutória de G. Davy. Paris, Marcel Rivière.

1955 – Pragmatisme et Sociologie. Prefácio de A. Cuvillier. Paris, J. Vrin.

1969 – Journal Sociologique. Introdução e apresentação de J. Duvignaud. Paris, PUF.

1970 – La science sociale et faction. Introdução e apresentação de Jean-Claude Filloux. Paris, PUF.

1975 – Textes. Apresentação de Victor Karady. Paris, Minuit. 3 v.

1 – O conceito de marcos sociais é emprestado de GURVITCH (1959a) e já aplicado, no caso de Durkheim, por NISBET (1965) e SICARD (1959).

A mais recente e valiosa contribuição, na linha da Sociologia do Conhecimento, é devida a CLARK, 1973. Trata-se também da mais original e profícua abordagem da Escola Sociológica Francesa.

2 – Comentando nos Annales (v. IV, 1899-1900) um livro que Alfred Fouillée. acabara de publicar (La France au point de vue moral. Paris, Alcan, 1900), Durkheim mostra-se convencido pela argumentação relativa “à une dissolution de nos croyances Morales” e, apesar de discordar das soluções apontadas para os problemas de criminalidade, concorda com a argumentação do A. e afirma: “Il en resulte un véritable vide dans notre conscience morale" (DURKHEIM, 1969: p. 303). Já em 1888 ("Cours de Science Sociale") reconhecia uma crise moral de seu tempo (DURKHEIM, 1970: p. 107).

3 – Em sua obra póstuma Education et Sociologie, Durkheim reconhece: “Estamos divididos por concepções divergentes e, às vezes, mesmo contraditórias”. Sua posição nessa polêmica e clara: “Admitido que a educação seja função essencialmente social, não pode o Estado desinteressar-se dela. Ao contrário, tudo o que seja educação deve estar até certo ponto submetido à sua influência”. Mas adverte: “Isto não quer dizer que o Estado deva, necessariamente, monopolizar o ensino” (cf. a trad. port., p. 48 e 47 respectivamente). Por outro lado, a preocupação de Durkheim com a moral não pode ser confundida de uma maneira simplista, como preocupação moralista de sua parte. Pode-se dizer mesmo que a análise sociológica da moral que empreende (ver por ex. L'éducation morale) é uma análise laica, no sentido de não ser informada por uma posição confessional, que aliás ele não tinha. Sua posição, em última análise, não é a de um moralista – de quem fala com respeito mas guardando a devida distância – e sim a de um racionalista (ver p. 3-3 e 47, onde diz: "Porque nós vivemos precisamente numa dessas épocas revolucionárias e críticas, onde a autoridade normalmente enfraquecida da disciplina tradicional pode fazer aparecer facilmente o espírito da anarquia").

4 – V. BOUTROUX, Émile. La philosophie de Kant. Paris, J. Vrin, 1926. p. 367-69.

5 – Este problema é levantado de forma quase detetivesca por Tiryakian, no artigo intitulado "A Problem for the Sociology of Knowledge: The Mutual Unawareness of Émile Durkheim and Max Weber", originalmente publicado em European Journal of Sociology. 1966. p. 330-36 (TIRYAKIAN, 1971: p. 428-34) . O A. ressalta as similitudes da obra (sobre religião, que os dois tratam sem serem religiosos) e da preocupação metodológica, além das iniciativas editoriais paralelas (L'Année Sociologique e o Archive für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik) – e do "namoro" à distância com o socialismo, por parte de ambos. Mas uma coisa é certa : “The published works of Weber and Durkheim have no referente to each other” (id., ibid. p. 430). Tiryakian levanta a hipótese explicativa da “antipatia nacionalista”, além do fato de Weber se identificar mais como historiador da economia do que como sociólogo. Mas isto não impediu Durkheim de publicar uma resenha de um livro da mulher de Weber.

6 – "The three minds are, in a very real sense, the essence of contemporary sociology" (NISBET, 1965: p. 3) .

7 – Rebatendo as críticas de KROEBER (1935) sobre a ausência de pesquisas de campo nos trabalhos de Durkheim, seu atual sucessor na Sorbonne escreve: "Il s'agit, à proprement parler, d'une tache de laboratoire, en f in de compte aussi concrète que celle de l'observation sur le terrain" (DUVIGNAUD. Apud DURKHEIM, 1969: p. 16. Grifos do original).

8 – Observe-se que Durkheim está usando arte não no sentido estético, mas no sentido técnico, tal como se fazia na distinção que nos vem desde a antigüidade, entre: artes mecânicas (carpintaria, por ex.), belas-artes (pintura, por ex.) e artes liberais (cf. o trivium e o quadrivium que formavam as sete artes do programa pedagógico greco-romano), sendo estas destinadas a liberar o espírito. V. LALANDE. "Art." Vocabulaire technique et critique de la philosophie.

9 – DURKHEIM, 1953: cap. 1.°, itens II e III, p. 35 et seqs. "Montesquieu compreendeu não somente que as coisas sociais são objeto de ciência, mas contribuiu para estabelecer as noções-chave indispensáveis para a constituição dessa ciência. Essas noções são em número de dois: a noção de tipo e a noção de lei" (p. 110) .

10 – Há uma vinculação direta com a Logique de Port-Royal de Antoine Arnaud, que constitui um dos primeiros estudos metodológicos da filosofia moderna, publicado em 1662. As Règles de Descartes, apesar de publicadas em 1701, foram escritas antes de 1629 em latim. A Logique de Port-Royal contém duas regras (XVII e XVIII) que são copiadas do manuscrito cartesiano que circulou por muito tempo antes de ser publicado, o que era hábito do grupo de Port-Royal a que Descartes estava ligado. V. JOURDAN, Charles (org.). Logique de Port-Royal, précedée d'une notice sur les travaux philosophiques d'Antoine Arnaud. Nova ed. Paris, Hachette, 1877. 396 p.

11 – Durkheim anunciara em seu artigo "Sociologie et Sciences Sociales" (DURKHEIM, 1970: p. 147) uma "classificação metódica dos fatos sociais" considerada então prematura. Mas nunca concretizou esse projeto senão para fatos particulares (tipos de solidariedade social, tipos de direito, tipos de suicídio). Observe-se ainda que o conceito de fato social é restrito, ou seja, meramente operacional (cf. Les Règles) e nunca chegou a ser um conceito sistêmico (tal como fizera Weber com seu conceito de ação social). 120 artigo foi reeditado em NISBET, 1965: p. 113-36, sob o título "Durkheim's Suicide: Further Thoughts on a Methodological Classic".

13 – Cf. HAGENBUCH, W. Economia Social. Rio de Janeiro, Zahar Ed., 1961. cap. IV, esp. p. 165 et seqs.

14 – Segundo o citado artigo de Selvin (apud NIsBET, 1965: p. 121), replicação "é o reestudo sistemático de uma dada relação em diferentes contextos".

15 – O termo orgânico ocupa uma importante posição entre os saint-simonianos. Para eles o desenvolvimento da humanidade se alternou em "épocas críticas" (períodos de crise, de negação, de dissolução) e "épocas orgânicas" (períodos em que reina um pensamento unificado e uma concepção coletiva da vida). Tal emprego é feito pelo carbonário Buchez (Cf. ISAMBERT, Fr.-André. "Époques critiques et époques organiques. Une contribution de Buchez à l'élaboration de la théorie sociale des saint-simoniens." Cahiers Internationaux de Sociologie. 1959. v. XXVII (nova série), p. 131-52, esp. p. 140) e pelas exposições gerais dessa escola (cf. BOUGLÉ e HALÉVY (org.). Doctrine de Saint-Simon. Exposition, première année, 1829. Nova ed. Paris, Marcel Rivière, 1924. Segunda sessão, p. 157-78, esp. p. 161). As concepções são diferentes, mas é certo que se tratava de um termo em voga, antes do advento do organicismo. Cf. também WILLIAMS, Raymond. Cultura e Sociedade. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1969. cap. VII, esp. p. 152-55.

16 – COSER, 1971: p. 141, reconhece. o conceito de função como desempenhando um papel crucial na obra de Durkheim, mas assinala igualmente a ocorrência de outros procedimentos analíticos.

17 – O enquadramento feito por Parsons de Durkheim como um positivista foi formalmente contestado por POPE (1973: p. 400) em artigo recente. Aquela interpretação estaria baseada numa acumulação de erros cometidos por Parsons. Na opinião de Pope, sempre Durkheim permaneceu um realista social, que jamais buscou outras explicações para os fenômenos sociais senão nos fatores sociais.

18 – "Sem dúvida, os fenômenos que concernem à estrutura têm qualquer coisa de mais estável que os fenômenos funcionais, mas entre as duas ordens de fatos não existem senão diferenças de graus. A própria estrutura se reencontra no vir a ser [devenir] e não se pode esclarecê-la senão com a condição de não perder de vista esse processo de vir a ser. Ela se forma e se decompõe sem cessar; ela é a vida que atingiu um certo grau de consolidação; e distingui-la da vida de onde ela deriva ou da vida que ela determina, equivale a dissociar coisas inseparáveis" (apud CUVILLIER, 1953: p. 190). Cuvillier, em nota a essa página, diz: "Vê-se aqui o quanto é falso se acusar Durkheim, tal como ainda se faz comumente [por Gurvitch], de não ter percebido senão o lado cristalizado, estereotipado [figé] da vida social".

19 – Na falta de um texto especial nesta seleção, convém remeter o leitor à 2.a lição de L'éducation morale, onde a moral é definida como "um sistema de regras de ação que predeterminam a conduta", as quais .nos dizem como devemos agir – "e bem agir é obedecer bem" (DURKHEIM, 1925: p. 21). É clara a vinculação com a autoridade. Daí esta colocação complementar: "A moral não é pois apenas um sistema de hábitos, é um sistema de comando" (id., ibid. p. 27). Não se pode perder de vista a lição básica das Régles de que a moral é um fato social e que se impõe aos indivíduos por intermédio da coerção social.

20 – Na organização dos textos foram suprimidas algumas notas de rodapé consideradas dispensáveis numa coletânea deste tipo. Foram porém mantidas todas as que continham referências bibliográficas.

21 – O outro é Gurvitch, que, não obstante, reconhece ser a obra sociológica de Durkheim "o esforço mais bem sucedido, até o presente, de junção entre teoria sociológica e pesquisa empírica"

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